domingo, 1 de novembro de 2009

O dote...


Nesta aridez de selva que é a vida,
Deixei-me sufocar em tempos idos.
Mas, alguns anos já sendo volvidos,
Um sol de luz me quis ver renascida...

E alumiou minh'alma enlouquecida,
Cansada dos mil gritos e gemidos
Silentes, sufocados ou bramidos,
Em que afogava a dor mais desabrida...

Então, aquele sol de luz falou:
Sê nobre como a árvore na mata,
De pé, altiva em porte, embora archote,

Se mão cobarde o fogo lhe ateou.
E porque presa ao chão ordens acata,
Dignidade legou...Agarra o dote!


IN Poesia que a mágoa tece 2007

Foto: Paula Raposo

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Quando a luz chega o poema acontece! Beijinhos.

Maria Clarinda disse...

Excelente, Francília, os teus poemas são realmente muito lindos!
Jhs

Liliana Josué disse...

Olá Francília

Lá dizia a saudosa Palmira Bastos: "As árvores morrem de pé".
Mas a Francília tem a força de todas as árvores.
O final do soneto é lindíssimo.
"...Agarra o dote!". E a Francília agarrou mesmo.
Um beijão.
Liliana Josué