Nesta aridez de selva que é a vida,
Deixei-me sufocar em tempos idos.
Mas, alguns anos já sendo volvidos,
Um sol de luz me quis ver renascida...
E alumiou minh'alma enlouquecida,
Cansada dos mil gritos e gemidos
Silentes, sufocados ou bramidos,
Em que afogava a dor mais desabrida...
Então, aquele sol de luz falou:
Sê nobre como a árvore na mata,
De pé, altiva em porte, embora archote,
Se mão cobarde o fogo lhe ateou.
E porque presa ao chão ordens acata,
Dignidade legou...Agarra o dote!
IN Poesia que a mágoa tece 2007
Foto: Paula Raposo
3 comentários:
Quando a luz chega o poema acontece! Beijinhos.
Excelente, Francília, os teus poemas são realmente muito lindos!
Jhs
Olá Francília
Lá dizia a saudosa Palmira Bastos: "As árvores morrem de pé".
Mas a Francília tem a força de todas as árvores.
O final do soneto é lindíssimo.
"...Agarra o dote!". E a Francília agarrou mesmo.
Um beijão.
Liliana Josué
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