Há 6 anos
terça-feira, 27 de outubro de 2009
A heroína que não sou...
Ao raiar da manhã de cada dia,
Se à minh'alma apetece renascer,
Limito as estremas de agrura e euforia,
Dizendo à dor que não me há-de vencer.
Se ao masoquismo não quero perder,
Não vou ganhar a luta à nostalgia,
Um fardo a carregar em demasia
Que faz meu rosto mais velho parecer.
Levanto-me, caindo a cada passo,
O chão rejeito e humildemente abraço,
Hosanas dando ao trilho por que vou...
Percorro na memória os mais hostis
Caminhos já vencidos, negros, vis,
E sinto-me a heroína que não sou!
IN Poesia que a mágoa tece - 2007
Foto: Paula Raposo
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Quem me quiser...
Quem me quiser tem de vir procurar-me,
Quer faça chuva ou sol de calor pouco...
Quem me quiser, forçoso, tem de achar-me,
E há quanto tempo o espero como um louco...
Quem me quiser tem de sentir no ar
O cheiro a verde das serras do Norte...
Quem me quiser comigo há-de apanhar
Sargaços que vêm de mar longe à sorte...
Quem me quiser tem de ter cãs de outono
Que aos anos dão a cor nobre do mel...
Quem me quiser, à insónia dê o sono
A ver nascer meus versos no papel...
Quem me quiser, primeiro ausculte o vento,
Que o medo da traição do amor me afasta...
Quem me quiser não desperdice o tempo,
No inverno, os corações a neve castra!...
IN Poesia que a mágoa tece - 2007
Foto: Paula Raposo
sábado, 17 de outubro de 2009
Pinheiro erecto sou...
Com voz de amor ralhou-me, amargurada,
Minh'alma a q'rer saber porque tardou
Andar na estrada inda antes não andada,
Aonde alguém esperar por mim jurou...
Ternura guardo tanta amarrotada;
Com medo da traição amor não dou;
Da má sorte dos sós serei falada,
Recuso amores...Eu por aí não vou!
Com força forte agarro a tempestade
Mais crua, a dos revezes da idade,
Pois sou pinheiro erecto em nome e em porte.
Se no meu peito ainda há golpe aberto,
E a dor de tanta dor me fez um espectro,
Achei na solidão meu próprio norte!
IN Poesia que a mágoa tece - 2007
Minh'alma a q'rer saber porque tardou
Andar na estrada inda antes não andada,
Aonde alguém esperar por mim jurou...
Ternura guardo tanta amarrotada;
Com medo da traição amor não dou;
Da má sorte dos sós serei falada,
Recuso amores...Eu por aí não vou!
Com força forte agarro a tempestade
Mais crua, a dos revezes da idade,
Pois sou pinheiro erecto em nome e em porte.
Se no meu peito ainda há golpe aberto,
E a dor de tanta dor me fez um espectro,
Achei na solidão meu próprio norte!
IN Poesia que a mágoa tece - 2007
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