domingo, 21 de março de 2010

És tu, MULHER!

Quem dá cuidado ao lume sem alarde...
Quem bem reparte o pão quando apoucado...
Quem atiça ao amor fogo em que arde...
Quem mais não dorme um sono descansado...

Quem não soçobra à beira do fracasso...
Quem mais silente chora ou ri contente...
Quem sempre vence a força do cansaço...
Quem a má sorte esconde e cala à gente...

Quem longe ainda o Sol já se levanta...
Quem cuida do amanhã que amanhã vem...
Quem na fraqueza é forte e se agiganta...
Quem mais um filho sabe amar tão bem...

Quem logo do parir esquece a dor...
És tu, MULHER, só tu, fonte de Amor!

Caxias, 8/03/10
Maria Francília Pinheiro

sábado, 6 de março de 2010

Poema para novos e velhos...

Quem a vida quer VIVER,
Fique atento ao que eu disser...

Viva a vida com amor
E esqueça ruim passado;
Não há maior mau-olhado
Que dar alimento à dor!

Durma a mais profunda sesta
Em cima do que não presta...

Caminhe, quer queira ou não,
Com o passo e a voz da idade;
Vai ver quão mais longe há-de
Pedir apoio ao bordão!

Estar parado não tem graça,
À cama faça pirraça...

Não coma demasiado
Que p'ra viver basta pouco;
Deixe um bom naco guardado
P'rà amanhã... Não seja louco!

Olhe que de boas ceias
Estão as sepultura cheias;
E se há pão que a fome cura,
Bendiga ao Céu a fartura...

Escreva muito e leia alto
Que a memória vem de um salto
Lembrar o que ontem dizia
Ter esquecido ou nem sabia!

Ninguém está vivo sem história,
Não mande embora a memória...

Quando a hora de sofrer
À porta  vier bater,
Olhe-a de frente sem medo,
Porque a dor espreita em segredo
Bem dentro de todos nós...
Mas resista à sua voz!

Da luta não te despeças,
Chega à meta e pede meças...


Caxias, 3/09/09
Maria Francília Pinheiro

Perfume de amor....

Quem quiser anos viver
Num oásis do deserto,
Envelhecendo (por certo)
Mas sem do tempo rancor,
Busque alma-gémea de amor
Correndo quanto puder!

É a condição primeira
Para os escolhos vencer;
É sol no milho da eira
Mesmo que teime em chover;
É pão doce sobejado
Na mesa, embora acabado...

E se a lareira se apaga,
Ternurenta mão lhe afaga
Corpo e alma que arrefece;
E, logo, em quentura a dois,
A brasa é fogo e, depois,
Um novo dia acontece...

E cada amanhã traz lume
Mais rico e belo em perfume!

Caxias, 8/02/10