Se não vier o Natal
Todos os dias a ser,
Por que se há-de fazer
Festa rija sem igual
Pelo tempo do Natal
Em vez de amor mais haver?
Festa maior de Natal
É a diferença abissal
Entre aquele que amor tem
Para dar sem ver a quem,
E um outro que tudo faz
Só por si e olha voraz
O pouco de um pobre alguém...
Quem pão não tiver p'ra dar
Mas coração lhe sobrar,
Dê trabalho voluntário...
Sublime é ser solidário!
Pois se há gozo em receber,
Dar é tamanho prazer
Que uma luz no peito seu
Logo,de amor, se acendeu...
Dê uma palavra amiga,
Cante ao velho uma cantiga,
Faça a quem chora um carinho;
Agarre a mão ao doente,
Dê-lhe o seu calor mais quente
Num bago de azevinho...
Olhe quem sofre nos olhos
Com a ternura maior,
Seu rosto no rosto seu;
Se não vão embora os'scolhos,
A dor ficou bem menor,
A esp'rança lhe devolveu...
E se tiver de fingir,
A face pondo a sorrir
Embora d'alma a sangrar,
Vá em frente, não importa
Sempre que os outros conforta,
Finja mais..., chore a cantar!
Porque assim é que é Natal
Ao do Deus-Menino igual.
Caxias, 25/10/09
Maria Francília Pinheiro